
Imagina só: você está reformando sua casa, quebra uma parede — e encontra um crânio humano. Foi exatamente isso que aconteceu em 1978 numa residência confortável de Batavia, subúrbio de Chicago. O susto logo virou mistério policial. Quem era aquela mulher?
Na época, as técnicas de identificação ainda engatinhavam. Os primeiros testes confirmaram que se tratava de uma jovem mulher — e só. O osso ficou guardado no museu local por décadas antes de ser levado ao laboratório de antropologia da Northern Illinois University. Entre caixas de arquivos esquecidos, o crânio caiu no esquecimento até 2021, quando voltou ao centro do debate por causa de novas pistas tecnológicas.
Com a chegada dos avanços em análise de DNA, tudo mudou. Uma equipe liderada pelo médico legista Rob Russell, do Condado de Kane, apostou na parceria com a empresa de genética forense Othram. Eles usaram técnicas de genealogia genética, comparando fragmentos de DNA com enormes bancos de dados familiares, rastreando todos os caminhos possíveis até parentes vivos.
Depois de meses de trabalho minucioso, veio o resultado inesperado: o crânio era de Esther, uma mulher que havia morrido em 1866 e fora enterrada originalmente em Merrillville, Indiana — quase 210 quilômetros do lugar onde seus restos apareceram. Ela viveu na Era Vitoriana, um tempo cheio de contradições, onde tradições e avanços conviviam lado a lado.
Mas como ela foi parar tão longe? Pesquisadores levantam uma hipótese impactante: no século 19, era comum estudantes e profissionais de medicina exumarem corpos para estudos anatômicos, já que havia pouco controle sobre cemitérios e práticas médicas. Não seria exagero pensar que o corpo de Esther tenha sido retirado do túmulo nessas condições e carregado para uma instituição médica ou laboratório que existiu em Chicago naquela época.
O caso chama a atenção por mais de um motivo. É a identificação mais antiga feita com sucesso por métodos de DNA forense no estado de Illinois. Esther, que por tanto tempo foi só mais um rosto sem nome do passado, agora voltou à sua família graças à teimosia de cientistas e ao toque da alta tecnologia. Parentes distantes puderam receber respostas que jamais imaginaram um dia encontrar.
E o crânio de Esther não é só uma relíquia vitoriana. Ele virou símbolo daquele momento em que tecnologia e história se cruzam, reescrevendo até os segredos mais escuros e esquecidos. O caso criou um novo capítulo nas investigações sobre práticas médicas controversas de antigamente — e mostrou que, para a ciência, até as histórias mais frias podem ganhar vida de novo.
Sou uma jornalista especializada em notícias com uma paixão por escrever sobre tópicos relacionados às notícias diárias do Brasil. Gosto de manter o público bem informado sobre os acontecimentos atuais. Tenho anos de experiência em redação e reportagem.
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