
Desde 2010, o Canal Viva virou ponto de encontro para quem ama relembrar os tempos de ouro da TV brasileira. Era lá que dava para matar saudade de séries clássicas, humorísticos antigos, programas de variedades e, claro, telenovelas históricas. O Viva apostava na mistura: um pouco de tudo, para todos os tipos de saudade e de público. Não era só novela – tinha de *Sai de Baixo* a *Toma Lá, Dá Cá* e até resgate de programas que pareciam esquecidos nos arquivos da Globo.
Essa identidade, marcada pelo mosaico diverso de atrações, chega ao fim em junho de 2025, quando o canal passa a se chamar Globoplay Novelas. A mudança aproveita o aniversário de 15 anos do Viva, mas derruba tudo aquilo que tornou o canal especial para muitos assinantes. A promessa: agora vai ser só novela, o tempo todo, inclusive com faixas inéditas, como *Além do Tempo* e a estreia de produções internacionais, caso de *Hercai*. Fim de papo para as reprises de comédias, programas de entrevistas ou conteúdos mais alternativos.
O rebranding foi estratégico. A Globo quer que o canal esteja 100% alinhado ao que bomba no streaming e no exterior: novela como patrimônio nacional e produto global. Quem dá o tom é Tatiana Costa, diretora de conteúdo do Grupo Globo, que bate na tecla do orgulho das novelas e do impacto social desse gênero. O novo canal também ganha faixas com votação interativa entre o público, as chamadas ‘batalhas temáticas’. A ideia é o telespectador decidir no voto qual novela volta ao ar, uma disputa entre títulos do tipo *Por Amor* versus *Laços de Família*, misturando clássicos disputados diretamente por quem assiste. Mas, para quem sempre curtia acordar e pegar um humorístico antigo, não tem mais espaço: a comédia perdeu vez para folhetins dramáticos.
Quem ficou com a responsabilidade de fechar a era Viva foi justamente uma comédia: o sétimo episódio de *Toma Lá, Dá Cá* se despediu dos fãs antes da estreia de *Além do Tempo*, já sob a nova marca, pontualmente às oito da noite.
A mudança foi pensada para integrar ainda mais a TV linear ao universo do streaming, buscando não só fãs tradicionais, mas principalmente conquistar gerações novas e o público de outros países, em cima do sucesso das novelas globais no Globoplay e em plataformas do mundo todo.
Só que nem todo mundo ficou feliz.
Muitos fãs reclamam que a identidade original do canal está sendo engolida pela estratégia de expansão da Globo. Perdeu-se o espaço para conteúdo alternativo, para piadas de personagens icônicos, para aquela mistura de passado que só Viva oferecia. Quem sente falta dos velhos programas de auditório, das séries, dos musicais, olha para o novíssimo Globoplay Novelas e não se enxerga ali. As redes sociais não perdoaram: a hashtag #SaudadesViva já tem milhares de postagens com homenagens e críticas.
Mesmo assim, a aposta é alta. Globo acredita que novela é ponte entre várias gerações e é o gênero que mais desperta saudade, conversa com tendências atuais de consumo sob demanda e cria engajamento como poucas atrações na TV tradicional conseguem. Só o futuro vai dizer se o público fiel do Viva abandona o canal ou topa embarcar nessa overdose de melodrama.
Sou uma jornalista especializada em notícias com uma paixão por escrever sobre tópicos relacionados às notícias diárias do Brasil. Gosto de manter o público bem informado sobre os acontecimentos atuais. Tenho anos de experiência em redação e reportagem.
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