Quando a família Clauster percebeu que Claire havia desaparecido, foi tarde demais. Não era só um esquecimento comum — era o fim de 35 anos de festas perfeitas, doces confeitados e presentes embrulhados com precisão cirúrgica. Michele Pfeiffer, na pele da matriarca superexigente, simplesmente pegou sua mala, ligou o carro e saiu. Sem despedida. Sem explicação. Só uma trilha sonora dos anos 70 e a liberdade que nunca teve. É assim que começa Oh. What. Fun., a nova comédia natalina da Amazon Prime Video, lançada em 3 de dezembro de 2025. E se você pensou que era só mais um filme de Natal cheio de neve e abraços, se enganou. A história é mais amarga — e mais real — do que parece.
A reunião que ninguém esperava
Doze anos depois de Dark Shadows, onde Pfeiffer era a séria Elizabeth Collins Stoddard e Chloë Grace Moretz sua filha rebelde, as duas voltam a dividir a tela — desta vez como mãe e filha em uma família que não sabe valorizar a mãe. O contraste é intencional: se antes eram personagens de um filme gótico e excêntrico, agora são a encarnação da pressão familiar que muitas mulheres vivem todos os anos. Claire (Pfeiffer) é a que faz tudo, mas nunca é vista. Taylor (Moretz), a filha do meio, é a que tenta manter a paz, mas está exausta. E o resto? O marido (Denis Leary), os outros filhos (Felicity Jones, Dominic Sessa) e os parentes (Eva Longoria, Joan Chen, Danielle Brooks) estão tão ocupados com suas próprias crises que nem notam que a anfitriã desapareceu.Um elenco de estrelas, mas uma história desequilibrada
O elenco é impressionante. Três atores já indicados ao Oscar: Pfeiffer, Jones e Brooks. Jason Schwartzman, com seu estilo único de comicidade nervosa, vive um cunhado que parece ter saído de um conto de Truman Capote. Maude Apatow, com sua presença discreta mas marcante, dá um toque de realidade à loucura. Mas o roteiro, escrito por Chandler Baker e dirigido por Michael Showalter (que também fez The Idea of You), não consegue sustentar o peso das atuações. As cenas de família são engraçadas — mas superficiais. As falas de "Mom’s closed up shop. Peace out, y'all" soam como memes, não como drama. E o clímax, quando Claire finalmente se solta em uma viagem de 10 horas de Houston a Burbank (sem paradas, sem sono, com trânsito de Los Angeles), é tão absurdo que vira piada. A IMDb já apontou: são 20 horas de viagem real. O filme dá 10. E isso é só o começo dos erros.Recepção: crítica e público não se entendem
A crítica foi implacável. Oh. What. Fun. tem metascore de 39 no Metacritic — classificação de "recepção geralmente desfavorável". O público, por outro lado, deu 5,3/10 no IMDb, com mais de 5.600 avaliações. Ou seja: ninguém ama, mas ninguém odeia. É um filme que você assiste, sorri em alguns momentos, e depois esquece. Ainda assim, há algo que prende: a sensação de que Claire não é só um personagem. Ela é a mãe de muitas pessoas. A que nunca pede ajuda. A que desiste de dormir para que todos comam bem. A que, quando desaparece, ninguém percebe até o Natal estar estragado. É isso que torna o filme, apesar de tudo, um espelho incômodo.
Um lançamento estratégico, mas sem impacto
A Amazon Prime Video lançou o filme como parte de sua campanha de fim de ano, ao lado de The Family Stone, Your Christmas or Mine? e Candy Cane Lane. O preço? $14,99 por mês — ou $139 por ano. Nada fora do comum. Mas, diferentemente de outros títulos, este não gerou buzz. Nenhuma cena viral. Nenhum meme que se espalhou. Nenhum debate sobre o que significa ser mãe no Natal. Apenas silêncio. E um pouco de tristeza.O que o filme realmente revela
O verdadeiro tema de Oh. What. Fun. não é o Natal. É o esgotamento feminino. É a ideia de que, em muitas famílias, a mãe é um recurso — não uma pessoa. Quando ela desaparece, o sistema entra em colapso. Mas ninguém se pergunta por que ela estava tão sobrecarregada. O filme tenta ser leve, mas acaba sendo um alerta disfarçado de comédia. E é por isso que, mesmo com suas falhas, ainda ecoa. Porque, em algum lugar, alguém viu Claire e se reconheceu. Ou viu sua própria mãe. E pensou: "Ela nunca fez isso?"
O que vem a seguir?
Michael Showalter já confirmou que está em pré-produção de um novo projeto para a Amazon, mas não revelou detalhes. Michelle Pfeiffer, aos 67 anos, continua sendo uma das atrizes mais respeitadas da indústria — e não parece interessada em repetir papéis. Chloë Grace Moretz, por sua vez, está focada em projetos mais sombrios, como a série The Peripheral. A chance de um segundo filme com elenco original é mínima. Mas talvez, um dia, alguém faça uma versão mais séria — e verdadeira — dessa história. Porque, no fim, o que precisamos não é de mais comédias natalinas. É de mais reconhecimento.Frequently Asked Questions
Por que Michelle Pfeiffer e Chloë Grace Moretz não fizeram mais filmes juntas depois de Dark Shadows?
Após Dark Shadows (2013), as duas seguiram caminhos artísticos distintos. Pfeiffer focou em papéis dramáticos e independentes, como em French Exit e The First Lady, enquanto Moretz buscou papéis mais jovens e de ação, como em Hugo e The Equalizer. A reunião em Oh. What. Fun. foi rara, quase acidental — e provavelmente única, já que ambas estão em fases diferentes da carreira.
O filme é baseado em uma história real?
Não, mas o roteiro de Chandler Baker foi inspirado em experiências coletivas de mulheres que se sentem invisíveis durante as festas de fim de ano. A autora afirmou em entrevista que queria retratar "a mãe que nunca é agradecida, mas sempre é esperada". O nome da família Clauster é fictício, mas a dinâmica é familiar para muitas.
Por que o filme foi tão mal recebido pela crítica?
A crítica apontou falhas na construção da trama, como a viagem impossível de Houston a Burbank, diálogos forçados e um ritmo desigual. Embora o elenco fosse forte, o roteiro não deu espaço para profundidade emocional. Muitos críticos compararam o filme a uma versão superficial de Christmas with the Kranks, sem o toque de originalidade.
Onde posso assistir Oh. What. Fun.?
O filme está disponível exclusivamente na Amazon Prime Video, como parte do pacote Prime. Não está em outras plataformas, nem em DVD. O custo é de US$ 14,99 por mês ou US$ 139 ao ano. Para assistir, é necessário ter uma assinatura ativa da Amazon.
O que a trilha sonora tem a ver com a história?
A música dos anos 70 — especialmente o hit que Claire ouve ao dirigir — simboliza sua liberdade. É a trilha de uma época em que ela era jovem, livre e sem responsabilidades. Ao escolher essa música, o filme sugere que Claire não está fugindo da família — está voltando para si mesma. É um detalhe sutil, mas crucial para entender o verdadeiro propósito do filme.
Há uma continuação planejada?
Não há planos oficiais de uma sequência. A Amazon não anunciou nenhum projeto relacionado, e os atores principais já estão envolvidos em outros trabalhos. O filme foi tratado como um projeto único, quase como um experimento. Mas, dada a reação emocional de alguns espectadores, nunca se sabe — talvez uma versão mais séria surja no futuro.
