O atacante Erick, de 29 anos, fez questão de deixar claro: mesmo emprestado pelo São Paulo Futebol Clube, ele se sente em casa no Esporte Clube Vitória. Em entrevista coletiva na terça-feira, 18 de novembro de 2025, no Barradão, em Salvador, o jogador confessou que já conversou com o presidente do clube sobre renovar o vínculo — mas com uma condição: o Vitória precisa manter a categoria. "Primeiro temos que deixar o clube na Série A", disse, sem rodeios. A frase soa simples, mas carrega o peso de uma temporada que pode definir o futuro de toda uma estrutura.
Adaptação inesperada: de atacante a "Cafu"
Nem todo mundo esperava que Erick, conhecido por sua velocidade e finalização, virasse ala direito. Mas o técnico Jair Ventura, que assumiu o comando do Vitória em 12 de janeiro de 2025, decidiu testar a versatilidade do jogador. "Ele me chama de Cafu", brincou Erick, referindo-se ao lendário lateral brasileiro. "O professor explicou que preciso fechar a linha, marcar, correr muito. Não é a posição que eu escolhi, mas é a que a equipe precisa. E eu estou aqui para ajudar. Independente da posição, entrego o máximo." Nas últimas três rodadas da Série A, Erick atuou como ala direito em todos os jogos. E, apesar da mudança, sua contribuição foi notável: duas assistências e uma marcação eficaz que ajudou o time a manter a compactação defensiva. O treinador, ex-assistente de Dorival Júnior no Flamengo e ex-técnico do Botafogo, tem investido em ajustes táticos específicos — inclusive com sessões de vídeo na quinta-feira, 16 de novembro, e treinos de posicionamento no dia seguinte, no centro de treinamentos do Barradão.Contrato em jogo e pressão financeira
O contrato de empréstimo de Erick termina em 31 de dezembro de 2025. Se o Vitória for rebaixado, a renovação torna-se improvável. Por quê? Porque o clube baiano, que fatura cerca de R$ 120 milhões por ano, perde quase R$ 45 milhões em direitos de transmissão caso caia para a Série B. É um colapso financeiro que afeta desde os salários dos jogadores até a manutenção do próprio Barradão. A diretoria do Vitória já está em contato com o São Paulo Futebol Clube para tentar uma compra definitiva — mas só se o time se manter na elite. "Se o clube cair, não tem como justificar gastar R$ 3 milhões em um jogador que, em Série B, perde valor de mercado", admitiu um dirigente sob anonimato. Erick, por sua vez, não esconde o afeto: "Aqui me senti acolhido desde o primeiro dia. A torcida, os companheiros, o clube... é como se eu nunca tivesse saído."Confronto decisivo: Vitória x Palmeiras
O próximo jogo é tudo. Na quarta-feira, 19 de novembro de 2025, às 19h30, no Allianz Parque, em São Paulo, o Vitória enfrenta o Sociedade Esportiva Palmeiras, vice-líder com 72 pontos. Um empate já seria um milagre. A vitória? Seria o maior resultado da temporada. O Palmeiras venceu 14 dos 18 jogos em casa nesta temporada. O Vitória, por outro lado, perdeu 15 dos 18 jogos fora. Só fez 9 pontos como visitante. É uma desigualdade brutal. Mas Erick não desiste: "Fizemos uma semana excelente de trabalho. O professor passou tudo. Sabemos que é difícil, mas não impossível. O Palmeiras é forte, mas não é invencível."O que está em jogo além da tabela
O rebaixamento do Vitória não afetaria só o elenco. Afetaria a cidade. Salvador vive de futebol. O Barradão é um templo. E o clube, fundado em 13 de maio de 1899, é o segundo mais antigo da Bahia. Se cair, o impacto vai além dos números. A torcida, que já enfrenta o desânimo de uma campanha desastrosa, pode perder a fé. Os patrocinadores locais, que investem em camisas e faixas, recuariam. As escolinhas, que dependem da estrutura do clube, correm risco.Na última rodada, o Vitória perdeu por 2 a 1 para o Ceará, em casa. Foi a quinta derrota em seis jogos. A pressão é insuportável. Mas, em meio ao caos, Erick se tornou um símbolo. Ele não é o artilheiro. Não é o capitão. Mas é o jogador que mais corre, que mais se sacrifica, que abraçou uma função nova sem reclamar. E, talvez por isso, a torcida o chame de "herói sem capa".
O que vem depois
Se o Vitória vencer o Palmeiras, a pressão diminui. Mas ainda restam quatro jogos difíceis: contra o Athletico-PR, o Botafogo, o Internacional e o Grêmio. Precisam de 8 pontos. É possível? Sim. Mas exige perfeição. E, talvez, um milagre. Se perder, o rebaixamento será quase certo. E aí, o que acontece com Erick? Ele pode voltar ao São Paulo, mas talvez não seja o mesmo jogador. A experiência no Vitória, a adaptação, a liderança silenciosa — tudo isso pode torná-lo mais valioso. Mas só se o clube sobreviver.Frequently Asked Questions
Por que a renovação de Erick depende da permanência do Vitória na Série A?
A renovação de Erick depende da manutenção na Série A porque o Vitória perde cerca de R$ 45 milhões em direitos de transmissão se for rebaixado. Com esse valor, o clube não teria condições financeiras de pagar um salário competitivo para um jogador de seu perfil, mesmo que ele tenha se destacado. Além disso, o mercado de transferências em Série B é muito mais limitado, o que reduziria drasticamente o valor de mercado de Erick.
Qual o impacto da mudança de posição de Erick para o time?
A mudança de atacante para ala direito trouxe mais equilíbrio defensivo ao Vitória, especialmente nos contra-ataques. Nas últimas três partidas, o time sofreu menos gols por lados e ganhou mais posse de bola na faixa direita. Erick, apesar de não ser um lateral nato, demonstrou disciplina tática e cobertura constante, algo que o técnico Jair Ventura valoriza. Sua versatilidade pode ser a chave para o clube se manter competitivo mesmo com poucas opções no elenco.
O que o técnico Jair Ventura fez para preparar o time contra o Palmeiras?
Jair Ventura realizou uma semana de preparação intensa: análise de vídeos do Palmeiras nos últimos cinco jogos em casa, treinos específicos de marcação em zonas e simulações de contra-ataques com os laterais. No dia 17 de novembro, o time treinou com 11 jogadores em campo, simulando a pressão do Allianz Parque. Ele também reduziu o número de passes laterais e incentivou jogadas mais rápidas pelo centro, visando explorar a lentidão dos zagueiros palmeirenses em transições.
Erick já teve boas passagens pelo Vitória antes?
Sim. Na primeira passagem, em 2018, Erick jogou 19 partidas, marcou dois gols e deu duas assistências. Foi um dos poucos jogadores daquele ano que manteve regularidade mesmo com o time lutando contra o rebaixamento. A torcida o lembra como um jogador comprometido, que não fugia da responsabilidade. Essa lembrança positiva é uma das razões pelas quais ele é tão querido no clube, mesmo sem ser o principal artilheiro.
Quais são as chances reais do Vitória escapar do rebaixamento?
Matematicamente, ainda é possível: precisam de 8 pontos nas últimas cinco rodadas. Mas historicamente, apenas 3 dos 15 últimos times na 17ª posição conseguiram escapar desde 2015. O Vitória tem o pior aproveitamento fora de casa da Série A (9 pontos em 18 jogos). O confronto com o Palmeiras é o maior obstáculo — e, se perder, as chances caem para menos de 10%. A pressão é imensa, mas o futebol ainda reserva surpresas.
O que o árbitro Raphael Claus pode influenciar nesse jogo?
Raphael Claus, árbitro com experiência em jogos decisivos da Série A, é conhecido por sua firmeza na marcação de faltas e por não tolerar excessos. Se o Vitória tentar jogar de forma agressiva para conter o Palmeiras, ele pode ser rigoroso com cartões. Já se o Palmeiras insistir em jogadas violentas, o árbitro pode se tornar um aliado do time baiano. Sua equipe de auxiliares — Danilo Simon e Gracianny Maciel — também é experiente, o que aumenta a confiabilidade das decisões no jogo.
