A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, fez algo raro no futebol brasileiro: parou tudo para buscar um jogador no exterior. Não foi um empresário, nem um diretor de futebol — foi ela, pessoalmente, que estendeu sua viagem à França, adiando reuniões e negociações, só para garantir que Vitor Roque chegasse em São Paulo a tempo de enfrentar o Vitória no Allianz Parque. O motivo? Um jogo que pode definir o rumo do Brasileirão. E o meio? Um jatinho particular, da própria presidente, que decolou de Lille na madrugada de 19 de novembro, com o atacante de 20 anos a bordo.
Um gesto que vai além do futebol
A ideia surgiu quando Leila Pereira, de 56 anos, estava em Paris negociando a aquisição de um novo avião para a SAF do Palmeiras. Foi aí que soube que Vitor Roque, após atuar 45 minutos no empate de 1 a 1 contra a Tunísia, precisaria de um voo comercial complicado — escala em Madrid, espera de horas, risco de atraso. Ela não hesitou. "Se ele não estiver pronto, não jogamos", disse uma fonte próxima à diretoria. E não foi só o garoto: ela ofereceu espaço no avião para Fabrício Bruno e Paulo Henrique, ambos convocados pela Seleção. "O Pedrinho do Cruzeiro e o Pedrinho do Vasco me perguntaram se podia trazer mais alguém. Respondi: sim", afirmou Leila em entrevista ao GE Globo. Foi um gesto raro: cooperação entre clubes, sem rivalidade, sem cobrança. O futebol brasileiro precisa disso — e todos perceberam.Por que Vitor Roque é tão importante?
O atacante, que chegou ao Palmeiras em janeiro de 2024 por 25,5 milhões de euros (cerca de R$ 157,3 milhões) do Barcelona, já é o principal nome do time. Em 52 jogos, marcou 20 gols. Na temporada, em 50 partidas, fez 17 gols e deu cinco assistências. Foi dele o pênalti que foi desperdiçado por Lucas Paquetá contra a Tunísia — mas também foi ele quem gerou a chance. Sem ele, o Palmeiras perdeu por 1 a 0 para o Santos na Vila Belmiro, em 15 de novembro. Sem ele, o time perde o centro de gravidade ofensivo. Abel Ferreira, técnico português de 45 anos, depende dele para abrir espaços, pressionar defesas e, sobretudo, converter chances em gols — algo que o elenco não faz com a mesma eficiência.O voo que não era da Placar
A aeronave usada não é a habitual da SAF, batizada de "Placar". É um avião particular de Leila Pereira, certificado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) desde agosto de 2024. O modelo, ainda não divulgado oficialmente, tem capacidade para 8 a 10 passageiros, cabine pressurizada e acesso direto à pista — essencial para evitar atrasos. O piloto é um ex-militar da Força Aérea Brasileira, contratado exclusivamente para voos da presidente. "É um investimento em segurança e eficiência", explicou um executivo da SAF. Ninguém no futebol brasileiro faz isso. Ninguém.
Desafio físico: será que ele joga?
O retorno não garante a estreia. Vitor Roque desembarcou no Brasil na manhã de 19 de novembro e foi direto para o Núcleo de Saúde e Performance do Palmeiras. Lá, passou por exames de frequência cardíaca, níveis de cortisol, dor muscular e recuperação neuromuscular. Ainda não se sabe se estará apto para enfrentar o Vitória, às 19h30, no Allianz Parque. "A gente não pode correr riscos. Se ele não estiver 100%, não joga. A temporada é longa", disse o médico-chefe do clube. Se não jogar, ele treinará com o elenco e estará disponível para os próximos jogos: contra o Fluminense (22/11) e o Grêmio (25/11), ambos no Brasileirão.Ofertas de milhões? O Palmeiras não vende
Enquanto isso, o agente de Vitor Roque, André Cury, revelou que clubes do Oriente Médio ofereceram até 35 milhões de euros — e a Premier League já sondou valores de até 50 milhões (R$ 308,4 milhões). Mas Leila Pereira não se abala. "Ele assinou até 2029. Não vamos negociar. Ele é o futuro do clube", disse em reunião interna. O Palmeiras não tem pressa. O contrato é longo, o vínculo é forte, e o jogador, apesar da idade, já se tornou referência. "Aqui ele é mais do que um jogador. É um símbolo", disse um torcedor na arquibancada do Allianz Parque, na noite anterior ao jogo.
Por que anteciparam o jogo?
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) mudou a data original — 3 de dezembro — para 19 de novembro, por causa da final da Libertadores, em que o Palmeiras foi campeão, e da final da Sul-Americana, vencida pelo Atlético-MG. O calendário apertou. O time tem apenas quatro dias entre a final da Libertadores e o jogo contra o Vitória. Sem Vitor Roque, a pressão aumenta. Com ele, mesmo que limitado, o time respira. E a diretoria entende: cada ponto conta. O Palmeiras está em terceiro, com 72 pontos, e luta contra o São Paulo e o Botafogo pela liderança.O que vem depois?
Se Vitor Roque jogar contra o Vitória, será seu primeiro jogo no Brasil desde 11 de novembro. Se não jogar, o Palmeiras terá que confiar em Lucas Veríssimo, que atuou como centroavante contra o Santos — e falhou. Ainda assim, o clube não se arrepende do gesto de Leila Pereira. "Foi um sinal. De que o Palmeiras está disposto a fazer o que outros não fazem", disse um jornalista esportivo. O time não quer só vencer. Quer ser diferente.Frequently Asked Questions
Por que Leila Pereira fez isso por Vitor Roque?
Ela entende que Vitor Roque é o principal atacante do time e que sua presença é essencial para manter o Palmeiras na briga pelo título do Brasileirão. Além disso, o gesto reflete um estilo de gestão humanizada e proativa, raro no futebol brasileiro, onde dirigentes geralmente deixam logística para terceiros. Ela também quer fortalecer o vínculo emocional do jogador com o clube.
O jatinho usado é da equipe do Palmeiras?
Não. O avião é particular de Leila Pereira, certificado pela ANAC desde agosto de 2024. O Palmeiras usa um avião chamado "Placar" para viagens na América do Sul, mas este voo foi feito com o jato privado da presidente, que tem maior flexibilidade e segurança. Isso mostra o nível de investimento pessoal que ela está disposta a fazer pelo clube.
Vitor Roque está apto para jogar contra o Vitória?
Ainda não se sabe. Ele foi avaliado pelo Núcleo de Saúde e Performance do Palmeiras na manhã de 19 de novembro, após o voo. Os resultados finais só serão divulgados horas antes da partida. A equipe médica prioriza sua recuperação, já que ele passou por uma temporada intensa com Seleção e clubes.
O Palmeiras vai vender Vitor Roque se receber uma oferta milionária?
Não. Apesar de ofertas de até R$ 308 milhões da Premier League, Leila Pereira afirmou publicamente que o jogador tem contrato até 2029 e que o clube não tem interesse em negociá-lo. O Palmeiras vê nele não apenas um artilheiro, mas um símbolo da nova geração do time e um pilar para os próximos anos.
Como o gesto de Leila Pereira afeta o futebol brasileiro?
É um exemplo raro de liderança e cooperação. Enquanto muitos clubes se isolam, Leila demonstrou que priorizar o bem do time e o bem-estar dos jogadores pode gerar resultados além do campo. Seu gesto foi elogiado por torcedores, jornalistas e até por dirigentes de outros clubes — e pode inspirar uma nova cultura de responsabilidade no futebol nacional.
